quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A Lei de Terras e suas consequências.

Lei de Terras, como ficou conhecida a lei nº 601 de 18 de setembro de 1850, foi a primeira iniciativa no sentido de organizar a propriedade privada no Brasil. Até então, não havia nenhum documento que regulamentasse a posse de terras e com as modificações sociais e econômicas pelas quais passava o país, o governo se viu pressionado a organizar esta questão.
A Lei de Terras foi aprovada no mesmo ano da lei Eusébio de Queirós, que previa o fim do tráfico negreiro e sinalizava a abolição da escravatura no Brasil. Grandes fazendeiros e políticos latifundiários se anteciparam a fim de impedir que negros pudessem também se tornar donos de terras.
Chegavam ao país os primeiros trabalhadores imigrantes. Era a transição da mão de obra escrava para assalariada. Senão houvesse uma regulamentação e uma fiscalização do governo, de empregados, estes estrangeiros se tornariam proprietários, fazendo concorrência aos grandes latifúndios.
Ficou estabelecido, a partir desta data, que só poderiam adquirir terras por compra e venda ou por doação do Estado. Não seria mais permitido obter terras por meio de posse, a chamada usucapião. Aqueles que já ocupavam algum lote receberam o título de proprietário. A única exigência era residir e produzir nesta localidade.

Promulgada por D. Pedro II, esta Lei contribuiu para preservar a péssima estrutura fundiária no país e privilegiar velhos fazendeiros. As maiores e melhores terras ficaram concentradas nas mãos dos antigos proprietários e passaram às outras gerações como herança de família.

Com base no texto, responda as questões abaixo:
a) Qual o objetivo dos governantes quando assinaram a Lei de Terras de 1850?

b) A partir desta lei, determinados grupos sociais não teriam acesso a terra de forma mais fácil e justa. Que grupos sociais foram prejudicados com a lei? Justifique.

2. 
Atualmente o Brasil enfrenta muitos problemas no que se refere ao acesso a terra. Massacres indígenas, pequenos agricultores que são expulsos de suas terras, desmatamento em nome do agronegócio, etc. Escreva um texto de 10 linhas falando sobre os diversos problemas de acesso a terra no Brasil hoje.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A Constituição de 1824

1.

No dia 12 de novembro de 1823, o imperador Dom Pedro I impôs a dissolução da Assembleia Constituinte que iria discutir e elaborar a primeira carta magna do Brasil. Entre outras razões, o imperador executou tal ação autoritária temendo que a nossa primeira constituição limitasse seus poderes excessivamente. Em seu decreto oficial sobre o assunto, o imperador estranhamente alegava que os constituintes não defendiam a autonomia e a integridade da nação.
Após tal ato, D. Pedro I formou um Conselho de Estado composto por dez membros e presidido por sua própria figura. Esse pequeno grupo de apoiadores do rei foi responsável por discutir e elaborar a primeira constituição do Brasil, outorgada no dia 25 de março de 1824. Sem qualquer tipo de participação política mais ampla ou observância de outro poder, o país ganhou uma carta constitucional claramente subordinada aos interesses do rei.
Visando oferecer uma aparência liberal, a Constituição de 1824 empreendeu a divisão de poderes políticos entre Legislativo, Executivo e Judiciário. Entretanto, a mesma lei que oficializava essas esferas de poder autônomo, também instituiu a criação do Poder Moderador. Exercido unicamente pela figura do imperador, esse poder tinha a capacidade de desfazer e anular as decisões tomadas pelos outros poderes. Desse modo, nosso governo combinava ambíguos traços de liberalismo e absolutismo.
O sistema eleitoral era organizado por meio de eleições indiretas, onde os eleitores de paróquias votavam nos chamados eleitores de províncias. Esses, por sua vez, votavam na escolha dos deputados e senadores. Para exercer tais direitos, o cidadão deveria pertencer ao sexo masculino e ter mais de 200 mil-réis anuais para poder votar. Desse modo, percebemos que o sistema eleitoral do império excluía grande parte da população.
Tomada por suas desigualdades, a Constituição de 1824 estava longe de cumprir qualquer ideal de isonomia entre a população brasileira. O imperador tinha amplos poderes em suas mãos e poderia exercê-lo segundo suas próprias demandas. Não por acaso, vemos que essa época foi tomada por intensas discussões políticas e revoltas que iam contra essa estrutura de poder fortemente centralizada. De fato, essa constituição só perdeu a sua vigência ao fim do período imperial.
Por Rainer Sousa, Mestre em História.

Com base no texto, responda as questões:
a) Qual a justificativa usada pelo imperador D. Pedro I para outorgar a Primeira Constituição do Brasil?

b) O que significava  o Poder Moderador?

c) Como estava caracterizado o sistema eleitoral nesta constituição?

2. 

Com base em seus conhecimentos e refletindo sobre a igualdade e o acesso a cidadania, analise a charge abaixo e responda:


A primeira constituição do Brasil era marcada por desigualdades e longe de cumprir o ideal de "todos iguais perante a lei". Hoje, a nossa constituição de 1988 garante a isonomia entre a população brasileira, mas sabemos que na prática o acesso à saúde, educação, moradia não é igual para todos.
Escreva um pequeno texto falando sobre as contradições da nossa sociedade, sobre o que é garantido na teoria e o que de fato temos na prática.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

ESTUDO DIRIGIDO DE RECUPERAÇÃO DO 2º BIMESTRE

Para os alunos que ficaram em recuperação no 2º bimestre, isto é, os alunos que ficaram com média abaixo de 5.0. Para estes alunos temos este estudo dirigido. Atenção às observações:

1. RESPONDER EM FOLHA SEPARADA, COLOCANDO SOMENTE AS RESPOSTAS, NÃO PRECISA COPIAR AS PERGUNTAS.

2. ENTREGAR A FOLHA A PROFESSORA O QUANTO ANTES.

3. CONSULTE SEU CADERNO, OS TEXTOS DADOS, ESTÁ TUDO NA MATÉRIA QUE FOI DADA  E EXAUSTIVAMENTE EXPLICADA.

4. QUALQUER DÚVIDA CHAME INBOX.

ESTUDO DIRIGIDO DE RECUPERAÇÃO (2º BIMESTRE)
TEXTO: ILUMINISMO
1.       O QUE FOI MOVIMENTO ILUMINISTA?
2.       QUAIS AS PRINCIPAIS IDEIAS DEFENDIAS PELOS ILUMINISTAS?
3.       APONTE AS PRINCIPAIS IDEIAIS DE JONH LOCKE E JEAN-JACQUES ROUSSEAU. O QUE ELAS TEM EM COMUM?
4.       QUAL A TEORIA DE ADAM SMITH?
5.       QUEM ERAM OS DÉSPOTAS ESCLARECIDOS?

TEXTO: A FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS

1.       CARACTERIZE AS COLÔINIAS DO NORTE E AS COLÔNIAS DO SUL.
2.       QUAIS AS RAZÕES QUE LEVARAM A INGLATERRA A AUMENTAR A PRESSÃO SOBRE AS COLÔNIAS INGLESAS?
3.       CITE AS PRINCIPAIS LEIS OPRESSIVAS BAIXADAS PELA INGLATERRA
4.       QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS?

TEXTO: REVOLUÇÃO FRANCESA

1.       COMO ESTAVA DIVIDIDA A SOCIEDADE FRANCESA NO SÉCULO XVIII?
2.       PORQUE A TOMADA DA BASTILHADA É CONSIDERADA UM MARCO SIMBÓLICO PARA O INÍCIO DA REVOLUÇÃO FRANCESA?
3.       O QUE ESTABELECIA A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO?
4.       CARACTERIZE OS GIRONDINOS E JACOBINOS.
5.       QUAIS AS MEDIDAS TOMADAS PELOS JACOBINOS QUANDO ASSUMIRAM O PODER?

6.       O QUE FOI O GOLPE 18 BRUMÁRIO?

terça-feira, 23 de junho de 2015

Burguesia

A Revolução Francesa foi um marco histórico para as sociedades ocidentais e através desta Revolução a classe burguesa chega ao poder e estabelece suas relações de domínio. Antes do despertar da Revolução, a classe burguesa era oprimida pelo Clero e Nobres, não havia prestígio político, daí um cunho revolucionário dado a esta burguesia, que toma o poder juntamente com a ajuda de trabalhadores e camponeses.
Após a Revolução, esta burguesia, antes revolucionária, torna-se reacionária, conquistando privilégios e evitando que as classes mais populares pudessem participar.
A música do Cazuza chamada Burguesia é um exemplo crítico de como a classe burguesa está representada hoje. Existem várias visões, mas analisaremos especificamente este viés apresentado pelo artista Cazuza. Vamos ouvir a música, analisar a letra e depois responder às questões propostas.

https://www.youtube.com/watch?v=zoP3ZXiQP9s
Burguesia
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia não tem charme nem é discreta
Com suas perucas de cabelos de boneca
A burguesia quer ser sócia do Country
A burguesia quer ir a New York fazer compras
Pobre de mim que vim do seio da burguesia
Sou rico mas não sou mesquinho
Eu também cheiro mal
Eu também cheiro mal
A burguesia tá acabando com a Barra
Afunda barcos cheios de crianças
E dormem tranqüilos
E dormem tranqüilos
Os guardanapos estão sempre limpos
As empregadas, uniformizadas
São caboclos querendo ser ingleses
São caboclos querendo ser ingleses
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
A burguesia não repara na dor
Da vendedora de chicletes
A burguesia só olha pra si
A burguesia só olha pra si
A burguesia é a direita, é a guerra
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
As pessoas vão ver que estão sendo roubadas
Vai haver uma revolução
Ao contrário da de 64
O Brasil é medroso
Vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Pra rua, pra rua
Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados
Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo
A burguesia fede - fede, fede, fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
Porcos num chiqueiro
São mais dignos que um burguês
Mas também existe o bom burguês
Que vive do seu trabalho honestamente
Mas este quer construir um país
E não abandoná-lo com uma pasta de dólares
O bom burguês é como o operário
É o médico que cobra menos pra quem não tem
E se interessa por seu povo
Em seres humanos vivendo como bichos
Tentando te enforcar na janela do carro
No sinal, no sinal
No sinal, no sinal
A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia
1. Como o autor Cazuza apresenta a classe burguesa em sua música?
2. 
A) Procure no dicionário o significado da palavra HIPOCRISIA.
B) Agora, retire um trecho da música que mostre que a burguesia pode ser hipócrita.
3. O autor aponta diversos problemas sociais, cite-os.
4. Qual o trecho da música que mais lhe chamou atenção? 

quarta-feira, 4 de março de 2015

NEGRAS NA HISTÓRIA
PERSONALIDADE: XICA DA SILVA

Não se sabe a data de nascimento de Francisca da Silva, sabe-se que ela era filha de uma mulher negra com um português, chamados Maria da Costa e Antônio Caetano de Sá, respectivamente.
O primeiro filho de Chica teve como pai o médico português Manuel Pires Sardinha, que o reconheceu como filho bastardo em seu testamento, em 1755, nomeando-o como um de seus herdeiros.
A carta de alforria de Chica, foi assinada pelo então desembargador João Fernandes de Oliveira, com quem passou a viver maritalmente, não eram casados pois a legislação não permitia casamento entre senhores brancos e negras forras. Passaram a viver na região de Vila do Príncipe e do Tejuco, onde o Sr. João Fernandes administrava o contrato para extração de diamantes concedido pela Coroa a seu pai.
Chica ficou reconhecida na região como a Chica que manda, já em 1754 possuía um sobrado e alguns escravos. Sua casa ficava na rua do Bonfim, local prestigiado do arraial, com uma capela própria, possuía ainda, nos arredores do Tejuco uma espécie de castelo, a chácara de Palha, com capela e teatro.
Entre 1755 e 1770 tiveram 13 filhos. Chica fez questão de educar suas nove filhas no Recolhimento de Macaúbas, melhor educandário da região das Minas. Cinco de suas filhas fizeram os votos e se tornaram freiras, as outras largaram o hábito para se casar.
Em 1771, João Fernandes teve que se ausentar do Brasil, convocado pela coroa para prestar contas sobre a acusação de violar regras do contrato que tinha com a corte, mas retornou a colônia algum tempo depois.
Durante a ausência de João Fernandes Chica buscou vários meios para a manutenção de sua condição. Associou-se a várias Irmandades, que eram entidades que agregavam indivíduos de mesma origem e condição, o que lhe proporcionava uma forma de obter distinção e reconhecimento social. Na Irmandade das Mêrces, que congregava pardos, Chica, chegou a ser juíza. No livro da Irmandade do santíssimo do tejuco, existem dezenas de registros de pagamentos feitos por Chica para viabilizar casamentos, batismos e enterros de seus escravos. João Fernandes faleceu em Lisboa, em 1779.
Chica da Silva se utilizou dos meios disponíveis às mulheres escravas, que eram a maioria alforriada. De acordo com o censo 1738 elas constituíam 65% do total de 387 forros, contra 37% dos homens. Ao longo de sua trajetória, ela agiu de forma a diminuir o preconceito que a cor e a escravidão lhe conferiam, para isso promoveu a ascensão social de seus filhos. Seu filho João Fernandes tornou-se o principal herdeiro do pai tendo recebido dois terços de seus bens. José Agostinho tornou-se padre, e o pai deixou-lhe uma renda para que constituísse uma capela. Simão Pires sardinha estudou em Roma, comprou um título de nobreza e uma patente de tenente-coronel da cavalaria de Minas Gerais.
Chica da Silva morreu no dia 15 de fevereiro de 1796, no Tejuco. Foi enterrada na Igreja de São Francisco de Assis, cuja irmandade era reservada a elite branca do arraial, o que demostra sua importância e prestígio.
Fonte:
Dicionário Mulheres do Brasil - de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil. Jorge Zahar Editor, RJ, 2000.
Para Ver:
Xica da Silva - filme dirigido por Cacá Diegues de 1976.
Novela produzida pela extinta Rede Manchete e exibida entre 17 de setembro de 1996 a 11 de agosto de 1997

Filme dirigido por Carlos Diegues, baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos em 1976, com Zezé Motta e Walmor Chagas nos papéis principais.

AGORA RESPONDA!
1. Dê o significado de mobilidade social.
2. Baseado em seus conhecimentos e tendo como exemplo a vida de Xica da Silva, havia mobilidade social na sociedade mineradora?


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Onde estão os Índios do Rio?

Onde estão os índios do Rio?

Leonardo Soares Quirino da Silva

Há 104 anos foi feito o último registro sobre um índio natural do estado do Rio de Janeiro. Era o óbito de Joaquina Maria Pury, registrado em 30 de maio de 1902 na paróquia de Santo Antônio de Pádua, no município de mesmo nome. O estado só voltaria a ser habitado por povos indígenas no final da década de 1940, em razão da migração de guaranis para a região de Angra e Parati.
O Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado no dia nove de agosto, desde 1995, pode servir de ponto de partida para se conhecer a história do desaparecimento das tribos que viviam no estado na época do descobrimento, bem como para se saber sobre as atividades da ONU nesse campo.
Para isso, o Portal de Educação Pública conversou com o professor José Ribamar Bessa Freire, do Programa de Estudo de Povos Indígenas da Uerj (Pro-Índio) e consultou a documentação da ONU sobre o que vem sendo feito no organismo em prol das populações indígenas.
Como declarou o professor Bessa em seu artigo "Tem índio no Rio", de 2000, o estudo das culturas indígenas e sua relação com os colonizadores serve não só para se conhecer o outro, nesse caso os índios, mas para se pensar sobre a sociedade em que vivemos.

Índios e colonização

No início do século XVI, quando franceses e portugueses chegaram à região onde hoje fica o estado do Rio de Janeiro, as populações indígenas podiam ser dividas em quatro grandes grupos em função do tronco linguístico a que pertenciam, segundo o livroAldeamentos indígenas do Rio de Janeiro, atualmente esgotado.
O primeiro grupo era o tupi-guarani, falado pelas tribos do litoral, entre elas os Tupinambás ou Tamoios e os Tupiniquins. O estudo de sua língua deu origem à Língua Geral. Durante o período colonial, existiram duas versões dessa língua. A Língua Geral Paulista (LGP), falada no sul do país, e a Língua Geral Amazônica (LGA), na região norte.
As duas versões foram as línguas francas usadas pelos colonizadores - em especial pelos jesuítas, que a organizaram, e pelos bandeirantes - para se comunicarem com os povos indígenas. Até 1750, a LGP foi a língua mais falada no litoral do Brasil. A LGA resistiu até 1870.
As tribos dos grupos Puri-Coroado, Maxakali e Botocudo falavam línguas do tronco macrojê. Estas se localizavam no interior do estado, principalmente na bacia do rio Paraíba do Sul. A única exceção eram os Goitacás, que viviam próximos a foz do rio Paraíba do Sul.
O último grupo linguístico não foi classificado. A ele pertenciam as tribos Guaianá ou Goianá que viviam no litoral sul, entre Angra e Parati, e na Ilha Grande.
O processo de extermínio dos povos indígenas que viviam no estado se deu do litoral para o interior. Não por acaso, ele também seguiu os ciclos econômicos que marcaram a colônia e o império - pau-brasil, açúcar, ouro e café. No primeiro século da colonização, as doenças vindas da Europa - como a sífilis, a varíola e o sarampo - dizimavam aldeias inteiras. Depois, as guerras, tanto como aliados de franceses e portugueses, quanto contra estes últimos, também contribuíram para reduzir as populações do litoral. Por fim, a escravização e a aculturação deram cabo dos últimos índios que ainda viviam de acordo com seus costumes.

Escravidão e Extermínio

Durante o período colonial até a década de 1750, a mão-de-obra indígena poderia ser forçada a trabalhar de duas formas: pela escravização e pelo sistema de descimento. A primeira (escravização), os índios eram aprisionados nas chamadas Guerras Justas, movidas pelos colonos e autoridades locais.
Como as populações nativas estavam sendo dizimadas por esse meio, o rei Dom Sebastião baixou regulamento para normalizar as condições em que essas guerras poderiam ser feitas. Pelo documento, só o rei ou o governador poderia autorizar a realização desse tipo de "conflito". Ademais, só seriam justas as guerras feitas contra tribos hostis ou canibais.
O resgate era a segunda forma de se escravizar um indígena, então chamados de "negros da terra". Os colonos compravam os prisioneiros que as tribos faziam durante suas guerras para usarem como escravos em suas plantações. Esses escravos indígenas também eram chamados de "índios de corda", por terem sido anteriormente prisioneiros de outras tribos.
No filme Desmundo, de 2003, é retratada discussão entre colonos, índios e autoridades sobre a compra e a captura de "negros da terra" e "índios de corda".
O sistema de descimento era a forma que as autoridades coloniais tinham de fazer índios livres trabalharem de forma compulsória. Em 1548, o Regimento de Tomé de Souza, governador-geral, estipulou que os índios convertidos fossem separados dos não-convertidos. Eles deveriam descer (daí descimento) de suas aldeias e ser trazidos para as repartições.
Esses aldeamentos ficavam próximos aos núcleos coloniais e serviam de depositário de mão-de-obra para a colonização. O nome vem do fato de seus habitantes serem repartidos para trabalhar para os colonos, missionários ou autoridades. Esse trabalho compulsório durava, em geral, de dois a seis meses. Os que serviam a administração pública eram empregados tanto para a realização de obras públicas quanto para o serviço militar.
Como forma de incentivo para descerem, os habitantes dessas aldeias recebiam uma sesmaria. Algumas cidades do estado surgiram de repartições, como Cabo Frio, Itaguaí, Itaboraí e Mangaratiba.
Uma das razões que provocava o esvaziamento das mesmas era o fato de serem as condições de trabalho longe das ideais. Nas propriedades de colonos e de padres, os habitantes das repartições trabalhavam o mesmo tempo que os negros e eram submetidos às mesmas condições - alimentação inadequada, castigos e maus tratos. Por isso, os índios descidos costumavam fugir das repartições.
Como solução para ter mão-de-obra sempre disponível, as autoridades costumavam trazer índios de outras regiões da colônia para manter as aldeias. Em 1628, por exemplo, os jesuítas trouxeram de Santa Catarina 405 carijós e os instalaram em Guaratiba. Dois anos depois, 43 habitantes dessa repartição foram trabalhar na construção de fortificações da cidade do Rio de Janeiro.
Outro fato que contribuía para o despovoamento das repartições era que os nativos enviados para trabalhar para os colonos nem sempre voltavam. Um dos artifícios usados pelos escravistas era o de casar os índios vindos das repartições com índias escravas. Dessa forma, mantinham-nos presos à propriedade alegando que não poderiam romper os sagrados laços do matrimônio. Para evitar essa prática, em 1698, o governador geral do Rio de Janeiro proibiu o casamento entre "negros da terra" e "índios livres", como eram chamados os habitantes das repartições.
De início, as repartições ficavam sob controle dos padres jesuítas. Depois, esse controle será dividido com colonos e com militares. No século XVIII, a briga pela mão-de-obra, cada vez menor, proveniente das repartições é um dos motivos que vai levar à expulsão da Companhia de Jesus do Brasil.
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta do ouro e depois a expansão da lavoura cafeeira, serviram para dizimar os grupos restantes.
Por volta de 1800, segundo estudos feitos pelo Pro-Índio, apenas 15 núcleos ainda mantinham sua identidade étnica. Todos eram de índios dos grupos Puri-Coroado, Botocudo ou Maxacali. Estes núcleos foram sendo extintos na medida em que a cultura do café avançava pelo vale do Paraíba. Primeiro, na atual região do Médio Paraíba e, depois, no Norte Fluminense.
Nessa época, os índios eram classificados de acordo com seu grau de integração à sociedade brasileira. Os que ainda preservavam sua cultura eram chamados de bravos. Os caboclos eram os catequizados.
Por fim, os destribalizados, que haviam perdido suas terras porque elas foram tomadas por fazendeiros ou pelas Câmaras Municipais. Estes índios, como Joaquina Maria Pury, mudaram para as cidades, onde viviam marginalizados.

Guaranis fluminenses

Depois disso, o estado só voltaria a ter população indígena no fim da década de 1940. Nessa época, os primeiros índios guarani do grupo linguístico Mbya, vindos do sul do Brasil, vão se estabelecer na região de Parati.
Eles só foram descobertos pelas autoridades federais em 1972, quando da abertura da Rodovia Rio-Santos. As autoridades só voltaram sua atenção sobre o grupo depois que saiu uma reportagem sobre as obras da rodovia. Segundo o professor Bessa, até então o Serviço de Proteção ao Índio e sua sucessora, a Funai, registravam que o estado não tinha população indígena. O professor observa, ainda, que, em conversa com antigos tropeiros da região elas diziam que os índios estavam na região há muito tempo.
Atualmente, os 500 guaranis do estado vivem em três aldeias - Sapukaí, Itatiim e Araponga.

Retirado do site educacaopublica.rj.gov.br . Publicado: 08/08/06

ATIVIDADE
1. Na data comemorativa dos 450 anos da fundação da cidade do Rio de Janeiro,muito se fala sobre os feitos dos colonizadores, mas muito pouco se fala sobre a história dos Índios em nossa cidade. Sobre o que o texto fala?
2. Quais os problemas que os índios enfrentavam no período da colonização no RJ?
3. O ato de escravizar alguém é retirar de si toda a sua humanidade, índios e africanos sofreram e ainda sofrem os efeitos desta escravização. Qual a sua opinião sobre a exploração e dizimação sofrida pelas populações indígenas?

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O que são Griots?

Griot é como são chamados, em alguns povos da África, os contadores de histórias. Possuem uma função especial que é a de narrar as tradições e os acontecimentos de um povo. O costume de sentar-se embaixo de árvores ou ao redor de fogueiras para ouvir as histórias e os cantos, perdura até hoje. Os griots também são músicos e muitas vezes as narrativas são cantadas. O Império Mali, sob o comando de Soundjata Keita, por volta do século XIII confere importância notável a esses sábios. A construção da história de base oral é marca dos povos africanos antigos e o griot tem papel fundamental em sua estruturação.

E a História é assim, é contar algo e se encantar, é entender que mudamos e permanecemos. A cada ano que passa temos tantas novidades, novas tecnologias, novos aplicativos no celular, um novo modelo de tênis, novas comidas, mas também existem as coisas que não mudam nunca ou mudam bem pouco, tipo aquele prédio antigo, o museu e seu acervo....
Todos somos sujeitos da História e a história é feita por pessoas (por mim e por você!)por grupos, instituições sociais, etc....
Hoje somos chamados a ser Griot.